Bragança
Situada numa planície à margem do Rio Caeté, Bragança ainda guarda uma tranqüilidade das cidades do interior. Ornada de palmeiras, que lhe conferem uma imponência peculiar, a frente da cidade mostra toda a majestade e sensação acolhedora dos locais onde os rios ainda ditam o ritmo da vida. Possui, ao Norte de seu território, belezas incomparáveis que brotam de um ecossistema em que se destacam manguezais e quilômetros de praias.
Os primórdios de Bragança remontam a 1613, sendo os franceses da expedição de Daniel de La Touche, os primeiros brancos a conhecerem a região do Caeté, então habitada pelos índios Tupinambás, a 08 de julho daquele ano, porém existem controvérsias acerca da exatidão dessa data.
Em 1640, já consta registro de uma “villa de Caité”, num documento português de “Descrição de todo o Marítimo da Terra de Santa Cruz”, de João Teixeira. Bragança ainda se viu envolvida numa disputa. Pertencente a Capitania do Gurupi, o Rei da Espanha, Filipe II, doou em 09 de fevereiro de 1622, o seu território ao Governador geral do Brasil na época, Gaspar de Souza. Onze anos depois, Francisco Coelho de Carvalho deu a capitania a seu filho, Feliciano. Reclamando a posse das terras junto à Corte de Madri, Álvaro de Souza, filho de Gaspar, ganhou a capitania de volta.
De posse das terras, Álvaro de Sousa tornou-se um grande empreendedor, fundando à margem direita do Caeté, o primeiro núcleo populacional, com o nome de Vila de Souza do Caeté. Por problemas de comunicação com Belém, Álvaro de Souza levou o povoado para a margem esquerda do rio, onde está atualmente a cidade de Bragança. O antigo povoado ficou conhecido como Vila Cuera, ou Vila que-era.
Em 1763, transformou-se em freguesia sob o nome de Nossa Senhora do Rosário. Com população maciçamente indígena, a freguesia ganhou impulso quando o Governador da Província do Maranhão e Grão-Pará, Francisco Xavier de Mendonça Furtado elevou-a a categoria de vila, com o nome de Nossa Senhora do Rosário de Bragança. Trinta casais açorianos vieram para a vila, que graças à sua posição geográfica privilegiada, entre Belém e São Luís, ganhou importância política e econômica. E só em 1854, através da resolução nº 252, de 02 de outubro, a vila tornou-se cidade, por determinação do Presidente da Província, tenente-coronel Sebastião do Rego Barros, com o nome de Bragança.
Bragança já teve seu período áureo na história do Pará, quando da instalação da Estrada de Ferro de Bragança, cuja extinção, na década de 1960, contribuiu para o declínio considerável da economia e do desenvolvimento da região e do município. Muitas marcas daquele período ainda se percebem na arquitetura bragantina.
Toda a cultura exposta na história de Bragança se manifesta de forma mais completa na celebração da Festividade do Glorioso São Benedito, com a Marujada, fundada a 03 de setembro de 1798, maior contribuição de fé e cultura, de história e folclore do povo, em honra ao Santo Preto, iniciada pelos antigos escravos da vila, em 1798, cujas datas principais são os dias que compreendem o período de 18 a 26 de dezembro, quando acontece a festa e a procissão solene.
Aliada a festa e não podendo dela ser desvencilhada, acontece a festa da Marujada, que reúne rituais coreográficos como a Roda, o Retumbão, o Chorado, a Mazurca (ou Mazunga), o Xote, a Valsa, o Arrasta-pé e a Contra-dança. O que o quotidiano nega àquelas pessoas o tempo da festa proporciona. Certa posição de superioridade perante os demais, dando mais ênfase aos humildes. É o binômio festa e dança que permite a recriação, pelos marujos e marujas, da sua identidade de grupo social dentro de um sistema mais abrangente que é o conjunto da sociedade. É pela festa e pela dança que a presença da Marujada, cada vez mais operante na vida bragantina e paraense, se recria e retoma o amplo aspecto de dominação que a gerou e o espírito que a sustentou durante os mais de duzentos anos de sua história, comemorados em 1998.
Os pontos mais visitados da cidade de Bragança no período são os ligados ao Centro Histórico e ao Largo de São Benedito. Todo o complexo, formado pela Igreja (construída por volta de 1753, de herança jesuíta, com traços barrocos na parte interna, abrigando a efígie de São Benedito, centro dos festejos da Marujada); Praça Fernando Guilhom, Prefeitura Municipal de Bragança, Palacete Augusto Corrêa, construção datada de 1902, sendo uma cópia fiel do Palácio de Bragança, em Portugal; Coreto Pavilhão Senador Antonio Lemos, trazido da Europa e montado em 1910, na administração do Intendente Antônio da Costa Rodrigues, no centro da Praça Marechal Deodoro.